Muitas “verdades” de gestão sobrevivem porque ninguém as vira do avesso. “Mais desconto fecha mais vendas.” “Mais reuniões alinham a equipe.” “Postar todo dia faz o perfil crescer.” Antes de adotar uma regra, pergunte: o contrário também seria verdade? Se a afirmação desmancha quando invertida, você não tem lei – tem um palpite útil em certos contextos.
Por que isso importa?
Porque decidir por frases feitas é barato na reunião e caro no caixa. O teste “o contrário também seria verdade?” força contexto, revela limites e evita que você escale aquilo que só funciona no PowerPoint.
Como usar o teste do avesso?
- Escreva a crença em uma linha.
Ex.: “Responder propostas em 24h aumenta a conversão.” - Inverta.
“Responder em 48h derruba a conversão.” - Procure casos que contradigam ambos os lados.
Empresas com resposta mais lenta e boa taxa; empresas rápidas e com baixa taxa. - Defina as condições.
Para quem, quando e com qual qualidade a frase é verdadeira? - Teste pequeno com métrica clara.
Dois grupos, 14 dias, indicador objetivo (aceite, margem, NPS).
Exemplos práticos
- Desconto
A crença: “Desconto sempre ajuda.”
Inverso: “Preço firme atrapalha.”
Realidade: desconto irrestrito atrai cliente de baixa retenção; preço firme com escopo claro melhora percepção de valor em segmentos que valorizam previsibilidade. - Reuniões
Crença: “Mais reuniões = mais alinhamento.”
Inverso: “Menos reuniões = menos alinhamento.”
Realidade: um documento de meia página + rotina de check-in curto supera calendários lotados. - Conteúdo
Crença: “Postar todo dia faz crescer.”
Inverso: “Postar menos derruba crescimento.”
Realidade: publicar menos, com prova e casos concretos, muitas vezes aumenta leads qualificados.
Erros frequentes
- Confundir correlação com causa. Subiu junto ≠ um causou o outro.
- Generalizar a partir de um caso. “Funcionou aqui” não significa “funciona sempre”.
- Mudar o critério durante o jogo. Sem régua definida antes, qualquer resultado “prova” qualquer coisa.
Um mini-playbook (30 minutos)
- Defina a hipótese (1 linha).
- Escolha a métrica (uma só).
- Planeje o teste (escopo pequeno, prazo curto, teto de perda).
- Rode, meça, decida (escalar, ajustar ou encerrar).
- Documente em meia página (prometido vs. entregue; lições; próximo passo).
Para líderes
Treine a equipe a perguntar: “O que precisa ser verdade para isso funcionar?” e “Qual dado nos faria mudar de ideia?”. Recompense quem revise posição diante de evidência – isso é maturidade, não fraqueza.
Conclusão
- Formule a crença.
- Vire do avesso.
- Defina condições e métrica.
- Teste pequeno, prazo curto.
- Decida pelo dado – registre o aprendizado.
Simples, objetivo, aplicável. É assim que você troca certezas barulhentas por decisões que realmente melhoram resultado.