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Muitas “verdades” de gestão sobrevivem porque ninguém as vira do avesso. “Mais desconto fecha mais vendas.” “Mais reuniões alinham a equipe.” “Postar todo dia faz o perfil crescer.” Antes de adotar uma regra, pergunte: o contrário também seria verdade? Se a afirmação desmancha quando invertida, você não tem lei – tem um palpite útil em certos contextos.


Por que isso importa?

Porque decidir por frases feitas é barato na reunião e caro no caixa. O teste “o contrário também seria verdade?” força contexto, revela limites e evita que você escale aquilo que só funciona no PowerPoint.


Como usar o teste do avesso?

  1. Escreva a crença em uma linha.
    Ex.: “Responder propostas em 24h aumenta a conversão.”
  2. Inverta.
    “Responder em 48h derruba a conversão.”
  3. Procure casos que contradigam ambos os lados.
    Empresas com resposta mais lenta e boa taxa; empresas rápidas e com baixa taxa.
  4. Defina as condições.
    Para quem, quando e com qual qualidade a frase é verdadeira?
  5. Teste pequeno com métrica clara.
    Dois grupos, 14 dias, indicador objetivo (aceite, margem, NPS).

Exemplos práticos

  • Desconto
    A crença: “Desconto sempre ajuda.”
    Inverso: “Preço firme atrapalha.”
    Realidade: desconto irrestrito atrai cliente de baixa retenção; preço firme com escopo claro melhora percepção de valor em segmentos que valorizam previsibilidade.
  • Reuniões
    Crença: “Mais reuniões = mais alinhamento.”
    Inverso: “Menos reuniões = menos alinhamento.”
    Realidade: um documento de meia página + rotina de check-in curto supera calendários lotados.
  • Conteúdo
    Crença: “Postar todo dia faz crescer.”
    Inverso: “Postar menos derruba crescimento.”
    Realidade: publicar menos, com prova e casos concretos, muitas vezes aumenta leads qualificados.

Erros frequentes

  • Confundir correlação com causa. Subiu junto ≠ um causou o outro.
  • Generalizar a partir de um caso. “Funcionou aqui” não significa “funciona sempre”.
  • Mudar o critério durante o jogo. Sem régua definida antes, qualquer resultado “prova” qualquer coisa.

Um mini-playbook (30 minutos)

  • Defina a hipótese (1 linha).
  • Escolha a métrica (uma só).
  • Planeje o teste (escopo pequeno, prazo curto, teto de perda).
  • Rode, meça, decida (escalar, ajustar ou encerrar).
  • Documente em meia página (prometido vs. entregue; lições; próximo passo).

Para líderes

Treine a equipe a perguntar: “O que precisa ser verdade para isso funcionar?” e “Qual dado nos faria mudar de ideia?”. Recompense quem revise posição diante de evidência – isso é maturidade, não fraqueza.


Conclusão

  • Formule a crença.
  • Vire do avesso.
  • Defina condições e métrica.
  • Teste pequeno, prazo curto.
  • Decida pelo dado – registre o aprendizado.

Simples, objetivo, aplicável. É assim que você troca certezas barulhentas por decisões que realmente melhoram resultado.

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