rule-of-3

Há um padrão que aparece em cardápios, planos de software e propostas comerciais: quando há três opções, quase ninguém escolhe a mais barata. Diante de três alternativas, o cérebro busca uma decisão “segura” – nem o risco da mais barata, nem o excesso da mais cara – e pousa no meio. Esse comportamento é previsível o suficiente para merecer um nome prático: Regra dos 3.


Por que isso importa?

Porque preço não é só número – é arquitetura de decisão. Organizar ofertas em três degraus, com diferenças claras e provas simples, reduz atrito, acelera escolhas e melhora margem – sem truques. Você ajuda o cliente a escolher melhor e protege a sustentabilidade do negócio.


Por que três funciona?

  • Carga mental menor: comparar cinco ou sete opções cansa – com três, a análise cabe na cabeça.
  • Referência clara: o “caro” ancora o valor percebido e o “barato” sinaliza limite inferior. O meio vira “escolha sensata”.
  • Medo de arrependimento: o barato pode “deixar faltar” – o caro pode “sobrar”. O meio reduz a chance de erro.

Como estruturar três opções de forma honesta?

  1. Diferenças reais, não só preço – Mude escopo, risco e tempo.
    • Essencial: resolve o mínimo viável com prazos padrão.
    • Recomendado: cobre 80% das dores, acompanhamento e prazos melhores.
    • Avançado: casos críticos, prioridade e garantias ampliadas.
  2. Escreva “para quem é” em uma linha
    Ajude a pessoa a se reconhecer: “ideal para quem está começando…”, “para operações ativas…”, “para necessidades complexas…”.
  3. Torne comparável em 5-7 linhas
    Tabela simples e nada de letras miúdas.
  4. Inclua prova específica
    Antes/depois, números e depoimentos por plano, não genéricos.
  5. Defina política de upgrade e downgrade
    Fácil subir quando crescer, simples descer sem punições ocultas.

Onde a Regra dos 3 melhora o dia a dia?

  • Prestadores de serviço: pacotes com escopo claro reduzem o “manda proposta” infinito e aceleram fechamento.
  • PMEs de produto: kits “bom/melhor/ideal” aumentam ticket sem empurrar extras inúteis.
  • Educação/mentoria: trilhas de progressão dão caminho, não só preço.

Erros que detonam a confiança

  • “Barato inútil” como isca: opção de entrada que não resolve nada. O cliente percebe e vai embora.
  • “Caro vazio”: premium sem valor concreto rebaixa as outras duas.
  • Diferenças cosméticas: três colunas com o mesmo conteúdo e preços diferentes.
  • Custos escondidos: taxas e exceções matam a recompra.

Como testar em 14 dias?

  • Dia 1-2: defina as três opções com escopos distintos e “para quem é”.
  • Dia 3: publique uma tabela limpa na proposta/site.
  • Dia 4-10: colete dados: distribuição por plano, objeções, tempo para decidir.
  • Dia 11-12: ajuste textos e preços de ancoragem.
  • Dia 13-14: compare ticket médio, margem e satisfação por plano. Padronize o que funcionou.

Métricas que importam (simples)

  • Distribuição: % Essencial / Recomendado / Avançado.
  • Ticket e margem por plano: receita que fica, não só a que entra.
  • Taxa de upgrade em 60–90 dias.
  • Motivos de perda: registre 3 categorias, no máximo.

Exemplo direto (manutenção predial)

  • Essencial: visita trimestral + checklist + relatório (para quem precisa do básico).
  • Recomendado: essencial + resposta em 48h + peças comuns + auditoria semestral (para operação em ritmo).
  • Avançado: recomendado + resposta em 8h + cobertura ampliada + plantão sazonal (para quem não pode parar).

Resultado típico: maioria no Recomendado, alguns no Avançado, entrada saudável no Essencial – sem briga por desconto.


Conclusão

  • Três opções, diferenças reais.
  • Escreva “para quem é”.
  • Prova curta e comparável.
  • Nada de isca vazia ou custo escondido.
  • Meça distribuição, ticket, upgrade.

Simples, direto, aplicável. A Regra dos 3 não é mágica – é bom design de escolha. Quando usada com clareza e respeito, melhora a vida do cliente e o resultado da sua empresa.

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